quinta-feira, 2 de agosto de 2007

sou passageiro de um trem fantasma

sou passageiro de um trem
fantasma fantasiado
de brevidade orválhica
sou mero
sou efêmero
só passo
passageiro
de um trem fantasma
em um dia
minha estádia
se resume
em suma
de instantes
instantâneos
feito de penas de chumbo
que somem com o respirar
de uma formiga asmática
você vê meu deslocamento
enquanto vejo você ficar em minha frente
de olhos espelhados contemplativos
sou vapor
movido a vácuo
sou sombra
de um vírus
duro
tento durar
o máximo
um instantinho
sou passageiro
em mim mesmo
você na minha frente
e um trem
que não se movimenta
me vejo distanciar
fantasma
orvalho
asmática
estádia
vácuo
vírus
mim



a preocupação
disso
é o instante
em que
me des
mancho
toda
a pintura
que rabisco
com nuvens
brancas
de sua íris
nada disso importa
mais
do que
a folha que não cai nunca
dum banco que sentamos
e falamos
sobre
o canto
das bocas
que são
sujos
e ocultos
e nesse instante
me desmancho