terça-feira, 19 de fevereiro de 2008




O vento pula a janela
O papel voa quase livre
Os armários se libertam
Mostram o que possuem
Rangendo suas manivelas
A coberta em cima da cama
Se insinua linda solitária
Até onde sei os quadros
Só observam analistas
Uma folha permeia um ambiente
Que não lhe pertence
Mas nem por isto está acanhada
A máquina de escrever
Bate os dentes banguelos
Sem qualquer proteção
E tudo isso
só por causa
De um choro
De uma lágrima
De uma dor qualquer
De um sentimento inútil
Dá próxima vez
por favor
que for sofrer
Feche a maldita janela.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Não espero
Nada mais de mais nada
Não faço questão
De não questionar
Não há mais nada
Em que acreditar
Não há mais espera
Não há mais nada
Além do que esse
Eterno inferno do
Vai e vem
Vai e vem
Infinita volta ao nada
Nada além do nada
Não espero
Só desespero
Nadando no nada
Afogando nisso
Que não passa de mim

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Devoltaavoltadaidanãoidanãotidadavoltasemvinda

Tudo há um começo
E no fim tudo começa
Tudo há um final
E no início tudo finaliza

Uma folha que cai
Não cai
Se solta
Plana
Avoa

Um carro
Que bate
Não bate
Abraça
O poste
Ama

Todas variantes possíveis
De algumas coisas
Podem não dizer nada
Por isso são sábias
O silêncio
Esse sim
É o melhor conselho



&


Desespero
Se faz com calma
Se faz calado
Se faz quieto
Quase ordinário
Quase planário

Fica se esperando
Esperando
No coração
Confabula
Alucina
Se imagina já
Morto
Mesmo se estando
Menos vivo

Desespero
Se faz com calma
De esperar
O ponteiro do relógio
Andar para trás