sábado, 14 de junho de 2008

esqueci(mo)mentos


penso em esquecer tudo
e só dar valor aquilo que perece
deixar para frente todos
amores que
nunca tive
não reconhecer em nada
absolutamente nada
aquilo que me pertence
meu corpo
é tudo aquilo que não
me toca
luto contra tudo aquilo
que não me existe
não tenho nada a dizer
e sempre digo
preencho meus vazios
com silêncios-declarações
se não digo
é porque não há nome
talvez sempre
nunca mais te veja
e nem por isso
não terei aqui
aquilo que me faz ser
o que sou
esquecimento

sexta-feira, 16 de maio de 2008

quarta-feira, 9 de abril de 2008

A caminho nenhum



Um lugar incomum
Me espera
Me acalma
Sem me conhecer
Espero o sol
Desnascer da lua
Espero a lua
Renascer do sol
Não quero dia
Só com sol
Não quero noite
Nua sem lua

Quero estrelas
Em trelas
Embrenhadas
Em si mesmas

Quero um sexo
Cósmico
Quero beijar
Seu astrolábio
Quero me guiar
Entre caminhos
Que irei me perder
Embalado a vapor
Movido a vácuo

E quando chegar
Num lugar incomum
Quero aprender
A não me comunicar

sábado, 22 de março de 2008

Instante Segundo Tempo


De instante
Em instante
Espero
Hesitante
O restante
Deste
Tempo passante

De segundo
Em segundo
Respiro
Afundo
O pulmão
Girando
Em torno do mundo

De tempo
Em tempo
Descanso
Aflito
Esquecendo
A memória
Que não lembro

Instante Segundo Tempo
Espero Respiro Descanso
Hesitante Afundo Aflito
Restante Pulmão Esquecendo

domingo, 16 de março de 2008

In corpo


meu corpo é tudo
aquilo que não me toca
aquilo que não me vê
aquilo que não me sente

meu corpo não é alma
não é pão
nem é raro

o meu corpo se desfaz
em grãos de areia
em vento parede e vácuo
em formatos deformados
em mim
em nada

raso meu corpo
se confunde
com as teclas
com a caneta
ou pincel

meu corpo
não me é
mas sim
simultaneamente
me incorpora
poro
após
poro
traço
após
traço

meu corpo é tudo aquilo que não me toca

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008




O vento pula a janela
O papel voa quase livre
Os armários se libertam
Mostram o que possuem
Rangendo suas manivelas
A coberta em cima da cama
Se insinua linda solitária
Até onde sei os quadros
Só observam analistas
Uma folha permeia um ambiente
Que não lhe pertence
Mas nem por isto está acanhada
A máquina de escrever
Bate os dentes banguelos
Sem qualquer proteção
E tudo isso
só por causa
De um choro
De uma lágrima
De uma dor qualquer
De um sentimento inútil
Dá próxima vez
por favor
que for sofrer
Feche a maldita janela.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Não espero
Nada mais de mais nada
Não faço questão
De não questionar
Não há mais nada
Em que acreditar
Não há mais espera
Não há mais nada
Além do que esse
Eterno inferno do
Vai e vem
Vai e vem
Infinita volta ao nada
Nada além do nada
Não espero
Só desespero
Nadando no nada
Afogando nisso
Que não passa de mim

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Devoltaavoltadaidanãoidanãotidadavoltasemvinda

Tudo há um começo
E no fim tudo começa
Tudo há um final
E no início tudo finaliza

Uma folha que cai
Não cai
Se solta
Plana
Avoa

Um carro
Que bate
Não bate
Abraça
O poste
Ama

Todas variantes possíveis
De algumas coisas
Podem não dizer nada
Por isso são sábias
O silêncio
Esse sim
É o melhor conselho



&


Desespero
Se faz com calma
Se faz calado
Se faz quieto
Quase ordinário
Quase planário

Fica se esperando
Esperando
No coração
Confabula
Alucina
Se imagina já
Morto
Mesmo se estando
Menos vivo

Desespero
Se faz com calma
De esperar
O ponteiro do relógio
Andar para trás