quinta-feira, 24 de maio de 2007

AUTO-EGO EM CON(S/C)ERTO


Entro em meu centro
E me vejo passando bem ali
Logo ali que me vejo
Me ver me faz feliz
Tanto como me sentir
Ali em meu centro
Nas vezes que me vejo
Pois têm vezes sabe
Que me ver é difícil
E difícil também é me ter
E quando me tenho
Logo me desfaço
Como a poça d’água
E o reflexo dos prédios
Logo secam e tudo se acaba
Estar concêntrico
Ali vendo toda sua margem
Estar entre o quarteirão
Estar entre o meio fio
Estar entre os carros
Estar entre as pessoas
Estar entre mim mesmo
E quando estou dentro de mim
Estou entre o vazio
Que carrego sempre só
E tudo marginal como o sol
Em relação a mim claro.




A estrada

No caminho das cinzas
Um risco desesperado
Denuncia
Um instante distante
Levou ao fim
Da estrada
Um pai sem família





No céu uma nuvem
Desgarrada
Reclama
Sua privacidade

Na verdade
Aguarda
O seu fim
Em pura água






A árvore marginal
Do rio
Enfeitada
Como se fosse natal
(mas é páscoa)
Em vez de bolas
Pneus
E sacolas




Aqui o medo não existe

Carros
Entre
Borboletas
Pessoas
E meio-fios





Alguns poemas do livro "A Margem Central".

quarta-feira, 16 de maio de 2007

Estamos quase lá, voltando para o NADA...

Tem momentos
Que abrir ou fechar
Os meus olhos
Diferença não faz
A minha escuridão
Se projeta
Já é extrema
externa
Minha casca
É feita de fios
De luzes
Tecidos no breu
E o meu oco
Puro eco
silencioso








sua beleza será sempre infinita
envelheça o quanto quiser
e será sempre bela
não há nada mais belo do que ela
sua feição
seus movimentos
sua inda e vinda
será bela infinitamente bela
pois sua beleza não está nela
e sim em mim
em meus sentimentos
infinitamente finitos



Cravar na obscura alma
A tomicidade das matérias
Fundir
E
Difundir
Com o nada ideal
E no ininstante
Tanto inexato
Ter humildade
De se recolher
Ao vazio exterior
E insistentemente
Cravar o recheio
Do vazio interior







Minha poesia
Existe
Pois o silêncio
Há em mim
Troquei o fazer
Nada
Pelo fazer
Poesia