sábado, 17 de março de 2007

Deste ruído se tira o son-ho,nocivo e morto,o eco e oco,lugar vulgar...


"Um dia desses"

Que lindo
.........dia esse
..........feito um
dia desse
que o chão
..........de terra suja
..........suja a rua
de terra limpa
e no chão de barro
...........o barro esbarrando
nas barras
esbarradas no barro
..........que barra
a passagem
da água...

e nessa mesma água
que leva mágoa
............óleo
que se pega nos poços
..................rotos
no fundo dos corpos
................toscos
ou de um corpo sem
................ossos


com olhos de caroços
assados em fornos
...........sem direito a socorro
...........que perde-se nos poços
de um corpo
...........sem osso
ou sem caroço
.............e a água
.............e o barro
e o corpo
no fundo ainda
............dançam
.........no poço....

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"Viworto"

Caso eu morra
Mate-me!
Para não restar
Dúvida!
Que minha alma
Divida
Em duas partes

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A solidão é uma
....Benção
Poucos têm um
....Tempo
De entender o próprio
...Silêncio

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"Um Risco de Lápis na Lápide "

Lapido minha lápide
Ao decorrer da vida
Pois depois que morrer
Alguém é capaz de escrever
Alguma daquelas hipocrisias
...
Grafito na minha lápide
Ao escorrer de minha vida
Pois depois que eu morrer
(Algum filhodap*ta)
Ainda deve escrever
Alguma dessas putas mentiras...

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"O Infante Poeta Infame"

Não tenho um bom nome de poeta
Não tenho bom nascido de poeta
Não tenho dom
Não tenho bens
Não tenho tempo
De ser o melhor poeta, jamais visto.
Mas poeta assim mesmo, serei.
Poeta fajuto, sem terno, sem métrica.
Poeta do cerrado, meio seco, isolado.
Poeta latino, depois descoberto, depois lido.
E meus escritos, não sei se consagraram-se
Não sei de nada do futuro meu, do mundo.
Mas mesmo com todas incertezas sofridas
Por tantas gerações mundanas, assim mesmo mudo, serei.
Se minha arte chegará ao fim dos tempos,
Se minhas palavras, visões, sentimentos,
Se eternizarem entre tantos escritos aos quatro ventos,
Se minha vinda a este plano for reduzido a um poema
Como poeta para eu já basta.
Para eu que não tenho bom nome
Para eu que não tenho bom nascido
Que não tenho dom
Que não tenho bens
Que não tenho tempo
De ser o melhor poeta, jamais visto.
Como poeta somente isso, basta.

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Todos momentos estão sua frente
Além do espelho que te cega e segui
Tudo que transporta sentimento te vê
Aquém você vê sentimento atrás porta
Atribuir coisas desconhecidas culpa
Acentuar que existencial não existe
Ter referência através que insiste
Sentir alma tocar coração sem sentir
Trazer tona tudo que não significa nada
Ver que símbolos remetem si mesmo
Obrigar todos obrigados serem sinceros






queria dizer: até tédio
e mal só dito: bem vindo.




“Nesta parede nada contém além de um aquém alguém.”

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